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Mostrando postagens de novembro, 2017

Maceió (Ponta Verde) #11/20

Cheguei em Maceió, após uma longa e exaustiva viagem, confesso já estou afim de voltar, viajar sozinho tem prazo de validade. Acho que cheguei ao ponto final, não tenho mais como cair, só há um caminho, voltar a andar, dar um rumo ao meu caminho, essa é a hora. Nesses dias provei de tudo que podia provar, solidão, saudades, medo, paz, alegria, fiz coisas que nunca imaginei fazer e isso me elucidou. Me escutei, me testei, me provei, agora sei bem o que quero, seguirei e ei psiuuuu... espero você ao meu lado.    Só quem vai pode voltar... A vida é bela e a ideia é nobre Silas Lima

Salvador (Pelourinho) #10/20

Pelourinho, nunca havia estado em um lugar tão rico, tá certo que não fui em muitos lugares na vida, mas esse curto pedaço de terra é tão abastado de memória, história e cultura brasileira que fiquei fascinado. A história da catedral da sé, a casa de Jorge Amado, o fato de ter sido a primeira capital do Brasil, o elevador Lacerda, a casa do Olodum, a sacada onde ficou Michael Jackson, a arquitetura riquíssima e preservada, a estátua de Zumbi dos Palmares, a cruz caída, que lugar, que lugar, que lugar. Me despertou também a atenção o ecumenismo desse espaço, ele é rodeado de catedrais católicas e símbolos do cristianismo, tanto quanto é um símbolo do candomblé e outras religiões africanas, como pode isso conviver harmoniosamente. Sabe, fui criado em um círculo religioso doente, no meio de gente que se sentia acima dos outros por se acharem eleitos do Divino, pensava de modo radical e fanático sempre achando que possuía a verdade de tudo, por vezes coloquei o meu credo acima

Salvador (Fonte Nova) #09/20

Volto a escrever sobre futebol, pois ontem fui assistir Bahia vs Chapecoense na Arena Fonte Nova. Eu pensei que não iria mais escrever sobre futebol, um texto já estava bom, pois no Rio o povo trata o futebol mais ou menos como se trata em São Paulo, pensei que fosse assim no Brasil todo. Mas aqui na Bahia o negócio é diferente, talvez porque no Rio e em São Paulo existam 4 times grandes, e aqui em Salvador só tenha Bahia e Vitória, pode ser também que o número de habitantes influa no comportamento dos torcedores, não sei qual é a explicação, o que sei é que aqui na Bahia em dia de jogo o negócio ferve. Desde manhã, se percebe que o dia é diferente, as pessoas saem para a rua, o transito fica caótico, olha que sou paulista, e confesso me impressionei com o transito daqui. Nos bairros em cada esquina, tem um pessoal tomando uma cerveja com a camisa do seu time, seja num bar, seja numa barraca de acarajé (coisa que tem demais aqui), é um “Bora Bahea” para cá, um “Bora Leão” para

Salvador (Saudade) #08/20

Cheguei em Salvador, vim para ver minha família, tenho uma tia e dois primos que não os via desde os meus 14 anos, havia uma ansiedade natural e uma saudade monstra, nosso distanciamento foi um pouco conturbado, mas nada que o tempo não pudesse curar. Quando eu entrei na casa de minha tia, foi incrivelmente emocionante, tanto tempo, tanta história, tanto amor, tanta saudade e tudo se transformou em muito choro, muito abraço, muito beijo, natural daqueles que esperam pelo encontro a tanto tempo. Matar essa saudade, por incrível que pareça me deu mais saudades, fiquei com saudades do que tenho em São Paulo, senti saudades do cheiro do seu perfume, dos meus pais, dos meus irmãos, dos meus amigos, senti saudades.  Me prometi nunca mais ficar 15 anos sem ver alguém que eu amo, nunca mais mesmo. A saudade é um sentimento ingrato, diria um amigo que ela é o amor ainda pulsando, mas ao mesmo tempo é a dor eterna dos que amam, é inevitável, quem ama sente saudade, por conseguinte s

Itacaré (Samba) #07/20

Hoje passei em frente a um botequim aqui em Itacaré, e lá tinha uma banda fazendo um bom samba ao vivo, vi alguns gringos na frente do bar, que estavam bem tímidos, mais a medida que o samba rolou, eles foram se soltando e de repente estavam todos, com aquele bom e velho quadril estrangeiro (duro), dançando e se divertindo envolvidos pelo ritmo brasileiro, eles nem sabiam dançar, mas estavam realmente felizes, isso me encantou. Tudo bem, não sou um amante do Samba, eu gosto de rock, admiro Adoniran Barbosa, mas ouço Bono Vox, acho o Martinho da Villa legal, mas no meu carro toca Bruce Springsteen, Fundo de Quintal tem o meu respeito, mas prefiro o Coldplay. Contudo quando se trata de retratar o Brasil, dou a mão à palmatória, não há ritmo melhor que o Samba, me perdoe os forrozeiros, mas no Samba está a raiz do Brasileiro, o Samba diz o Brasil. Sabe esse povo sofrido, que se parar para pensar tem muitos motivos para chorar, lamentar, protestar, mas ainda assim encontra tempo

Itacaré (BR 101) #06/20

Estou me sentindo um aventureiro, uma espécie de Indiana Jones da Mooca, hoje certamente foi o dia mais maluco da minha vida, um dia cheio de histórias boas para contar, por sinal vou registrar que esse texto é para minha velhice, pois aconteceram tantas coisas inusitadas que preciso marcar, um dia vou contar para os meus netos. Logo cedo, antes de me despedir de Vila Velha fui na fábrica da Garoto e me senti como se estivesse em Nova York comprando MM´s na loja da MM´s, me transformei num garotinho (desculpem o trocadalho do carilho), dali parti rumo a Bahia, andei por cerca de 4 horas sem grandes surpresas, estrada relativamente boa, ouvindo um bom som e curtindo a paisagem. Por volta do meio dia parei numa churrascaria de beira de estrada em Conceição da Barra – ES para almoçar, ali comi o melhor churrasco da minha vida, me empanturrei literalmente, antes de sair da cidade parei no posto de gasolina para abastecer o carro, pois ainda tinha 6:30hrs de viagem, fui cantando es

Vila Velha (Família Galvêas) #05/20

Como eu curti o Espirito Santo, especificamente Vila Velha e Vitória, que lugar bonito, essa areia da praia de cor mais forte, que contrasta com esse verde lindo do marzão de Deus, essa terra é linda demais e precisa ser mais conhecida, provavelmente você como eu nunca ouviu falar do convento da Penha, ou do palácio Anchieta ou da beleza da costa em Vila Velha, os próprios Capixabas sabem disso, mas até gostam de ser um pouco “esquecidos”, assim esse lugar fica só para eles. Entretanto por mais que eu tenha muito a falar das belezas desse local, não tenho como não escrever sobre a família Galvêas – fui acolhido por eles aqui no ES, pois quem de fato faz um local, são as pessoas que ali vivem, as lembranças mais profundas não estão conectadas as belezas que vimos, mas sim a beleza das pessoas que conhecemos , até sentimos falta do mar, da areia, mas das pessoas temos saudades.     E a família Galvêas já me deixa com saudades, eles não só me acolheram, eles cuidaram de mim, me t

Vila Velha (Itaparica) #04/20

Os gregos antigos diziam que a felicidade estava em alcançar a paz na alma, ou seja, feliz é quem vive sem incômodos, sem perturbações. O comum da vida é o silencio, passaremos a maior parte da nossa vida em silencio, conectados apenas conosco, e por isso fugir do silencio é em algum sentido fugir de si mesmo, estamos cada vez mais tentando o tempo inteiro preencher o nosso tempo, pois ter um tempo vago, é ter que se deparar com o silencio, e por conseguinte se deparar conosco. Confesso que ultimamente se deparar comigo mesmo é duro demais, tomei decisões duríssimas nos últimos tempos e as vezes tenho medo de ter me perdido, então o silencio me assusta. Mas hoje cheguei em Vila Velha – ES, e a calmaria desse lugar - especialmente da praia de Itaparica, me obrigou ao silencio, me convocou a conversar comigo mesmo, me colocou numa sala onde só havia eu e eu mesmo, e não teve jeito, tive que me ouvir, tive que olhar para dentro de mim.  Assumo, me assustei, estou tão chei

Rio de Janeiro (Maracanã) #03/20

Sempre me incomodei com o fato de haver poucas expressões artísticas a respeito do futebol, existem poucas músicas, poucos textos, poucas pinturas, poucos poemas, poucos livros, poucos filmes, eu não posso negar que existem sim expressões relevantes, mas é pouco para o tanto que o futebol é gigante em nossa cultura. Por isso humildemente vou me propor a escrever sobre o futebol, afinal de contas hoje fui ao Maracanã e foi incrível. Antes de tudo quero confessar que fui proposto a torcer contra o Fluminense, aquela queda de 2013 salva no tapetão não me desce, o Fluminense precisa pagar a série B, tanto quanto o seu Madruga precisa pagar o aluguel. Cheguei ao “Maraca” camuflado, pois eu estava no setor da torcida do Flu e não podia dar nenhum sinal de que estava torcendo contra, já estava preparado para fingir sentimentos e pensando em como comemorar um gol da Ponte Preta sem ser notado, cheguei uma hora antes do início da partida e me sentei num local aparentemente isolado, a

Rio de Janeiro (Parada Gay) #02/20

Estava planejado, hoje eu escreveria sobre o Cristo Redentor, carta marcada “pô”, patrimônio da humanidade, uma das 7 maravilhas do mundo moderno, cartão do postal do Brasil, com apelo religioso e tudo mais, seria fácil, bastaria falar da sensação mística que se dá ao se deparar com aquele Jesus grandão de braços abertos, como se estivesse abençoando o mundo, eu paulista da “gema” só tinha como referência de estátua o Borba Gato, foi obvio meuencantamento. Entretanto hoje aqui no Rio foi o dia da 22ª Parada do orgulho LGBTI, e esse ano foi feita sem auxilio algum da prefeitura da cidade. O prefeito da cidade é o Marcelo Crivella, acho que você já entendeu o porquê de não haver apoio. Mas em certa medida essa falta de apoio político, deixou a marcha mais politizada, o orgulho de ser o que se é mais forte, o termo “marcha da resistência” foi utilizado o tempo todo durante a caminhada, como um mantra para pessoas que em pleno século XXI, sofrem com represarias preconceituosas que ten

Rio de Janeiro (Copacabana) - #01/20

Comecei minha saga pelo Brasil, confesso estava e estou com medo de fazer isso sozinho, é estranho para mim, não sei lidar com a solidão, mas a primeira experiência foi boa, vamos a ela. Minha primeira parada é o Rio de Janeiro, acho que você já deve ter ouvido falar nele antes, é aquele que continua lindo, o da garota de Ipanema, o que tem Jesus grandão de braços abertos, ele vira e mexe aparece por ai em fotos e vídeos, você com certeza já ouviu ou viu alguma imagem desse lugar. Como todo bom paulistano vim ao Rio de Janeiro cheio de recomendações, precauções e preocupações, afinal de contas ele possui alguns problemas com a questão da segurança pública, estava tenso, pois já passei por uma experiência bem difícil aqui no Rio. Ao entrar na linha vermelha, não posso negar que temi a caricatura popular da bala perdida, quase dirigi deitado, vai que essa bala perdida me encontrasse (apenas uma brincadeira), contudo ao me encaminhar para a Zona do Sul do Rio - local ao qual eu n