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Mostrando postagens de 2018

Sentido

Porque vivemos, porque estamos aqui, qual é o sentido da vida? Sei que a questão é antiga e complexa, e lhe digo com certeza, eu não tenho a resposta, mas isso não pode me impedir de pensar a respeito, afim de encontrar algo que de algum modo torne mais sã a minha espiritualidade por conseguinte a vida. Por fugir dessa questão, inventamos um mundo que não faz sentido, mas que preenche o nosso tempo ao ponto de não termos de lidar com as dores que existem no porão da nossa alma. Compramos, viajamos, nos vestimos bem, postamos fotos, trabalhamos, procuramos um emprego melhor, queremos beijos, saímos a noite, estudamos, compramos mais um pouco, lemos um livro, vamos ao cinema, ai postamos o filme que assistimos, ai sonhamos em ir para Disney, nos sentimos obrigados a aprender uma língua, ai fazemos um intercambio, para conseguir um emprego melhor, para ganhar mais dinheiro e assim poder comprar mais coisas, e podermos viajar mais, nos vestir melhor, para postarmos fotos melhores, p

Dancei

Dancei, mesmo sem sapatos dancei, Num salão de dores, sem flores, amores, dancei, No camarim me encontrei e ainda assim dancei, Apertado, aflito, dancei, Ao som do piano chorei, Na cidade de estrelas, dancei. A vida se foi, a vida se vai, como uma onda dancei, Tenho medo, o estomago geme, a perna treme, dancei, Um barco sem leme, sem luzes, dancei, É noite é dia, é vida, na ida dancei. Jogado na pista entrei, sem saída dancei, Sou um espetáculo dançante, Sozinho, Dancei. Estrangeiro na terra do canto, não cantei, Certa ou errada a música tocou, mesmo inseguro dancei. Tropecei, uma nova vista, uma nova pista, qual é? Não sei. Certo e sem público, o palco da vida não lamenta, não sorri, Cabe ao dançarino um único movimento ... dançar. A vida é bela e a ideia é nobre Silas Lima

Kairós

Há quem diga que o tempo passa, que horas regem tudo, pois tudo tem o seu tempo, não é verdade? Muitos acreditam que o ponteiro do relógio é o medidor de nossas vidas e que a cada minuto a vida se vai, assim vamos seguindo, segundo após segundo, esvaziando o copo de nossa vida, até que em algum momento se esvazie de tempo. E aí, morte. Mas será que o tempo existe mesmo, enquanto entidade independente, transcendente do humano, do natural? E seu eu disser que o tempo é apenas um produto humano, regulador do movimento, que ele não é imperativo sobre a vida, pois é mera criação de nossa mente. Ou seja, criamos o tempo para regular o movimento das coisas. Deste modo, a vida não é regida pelo tempo, nem por segundos, nem horas, mas por ação, verbo. Pois o tempo está posto e tudo que há, é movimento. Tal percepção dá sentido à ação, pois assim mover-se é viver. Logo uma vida boa não está atrelada a longevidade ou a velocidade do tempo, uma boa vida está atrelada a qualidade de nos

Zé Silaudo

Hoje meu tio faleceu, ele era um contraventor, tinha uma inteligência e um orgulho ímpar, essa mistura, aliada a sua educação falha, o deixava indecifrável, um homem capaz de convencer alguém de que viver era bom, morreu da pior forma que o viver pode dar, sozinho num quarto de uma pensão, certamente alcoolizado, encontrado por um alguém desconhecido, quase foi enterrado como um indigente.  Me lembro da brincadeira de perguntas e respostas sobre conhecimentos gerais, que ele fazia comigo quando eu tinha 7 anos, daí se percebia o quanto o bicho era diferente, um garoto de 7 anos quer jogar bola, brincar de carrinho, jogar vídeo game, brincar na rua, mas ele conseguia me prender atenção com perguntas como: quem é o presidente da Rússia? Qual é a moeda oficial do Japão? Porque não se teve copa do Mundo de 38 até os anos 50? Quem foi Adolf Hitler? Em qual região do Brasil fica o Pará?  Meu tio era diferente, por vezes estranho, por vezes orgulhoso, por vezes boa praça, por muitas vezes