O Silêncio


É tarde, tão tarde que o relógio já está no início. 

Por conta disso, também é quieto, tão quieto que consigo me ouvir.

Silêncio é assim mesmo, a gente se ouve.

Mas silêncio assim é algazarra, daquelas cheias de vozes altas, como festa de gente jovem – por sinal gente jovem é besta, acha que o barulho de fora silencia o de dentro - tudo é tão alto que só ouve ao pé do ouvido, sussurro.

Por sinal sussurros assim, ao pé do ouvido, são tão baixos em volume que ficam altos em clareza.

Tão claro que ofusca, hipnotiza, fascina, paralisa, tão paralisante que a gente viaja, como quem fixa o olhar sem olhar.

E esse tipo de olhar faz a gente viajar para longe, tão longe que o destino somos nós mesmos. 

Nessa hora alma sussurra, nessa hora a gente se conhece, e por se conhecer descansa, relaxa, como amigos em companhia, e assim o silêncio vira gosto, o silêncio vira necessidade, o silêncio vira...

Silas Lima

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