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Saideira

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 A música é um pedaço do Divino expresso em ondas sonoras, pois assim como o sagrado, a música, tem o poder de harmonizar o coração, de tocar o espírito, de trazer o céu para a terra. Ao som de uma boa canção, o céu toca o chão, afinal uma canção é para isso, pra deixar a vida mais leve. Em meio ao caos que é a existência, uma canção puxa um fio de paixão no labirinto da gente, acende um farol que ilumina a alma, faz nos encontrar um caminho, que só existe quando você passa.   Seus versos sem respostas, vão quase sem direção e em noites de um verão qualquer, como um misterioso luar de fronteira, quase sem querer, encontra alguém que lhe queira, acha alguém para a vida inteira. Nos dias maus ela dissolve a escuridão, nos dias tristes ela abraça, nos dias bons nos deixa suave, nos dias bobos, disfarça, vira desculpa Mandrake para explicar o constrangimento de uma dança louca, própria daqueles que não conseguem ficar parados, quando ouvem uma canção de amor dançante. Do Funk lá no

Get Back!

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Assisti a The Beatles: Get Back (documentário dos Beatles dirigido pelo Peter Jackson) e me encantei. Não sei especificamente o porquê, mas me encantei, como poucas vezes na vida.  Estou na busca de tentar entender as razões de tamanho encantamento, mesmo sabendo que encantamento não tem explicação, pois o encanto não pertence a lógica, encanto pertence ao místico, pertence ao mistério, pertence ao coração.  Entretanto, ainda assim, seguirei minha ousadia.  Olha, não é que eu não fosse um fã dos Beatles antes, mas eu nunca fui um FÃ (pelo menos até agora) de verdade. Minha formação musical passou longe de ser influenciada diretamente pelos Beatles. Eu pouco os ouvia. Por sinal devo admitir alguns sacrilégios aos fãs da banda; o primeiro é que por muito tempo não conseguia diferenciar a voz do John e do Paul - que vergonha, perdão aí viu; outros crimes que preciso revelar, para mim, Ringo sempre foi nome de pet e Harrison sempre me remeteu a um ator, não a um Beatle.  Até por essa razão

O Silêncio

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É tarde, tão tarde que o relógio já está no início.  Por conta disso, também é quieto, tão quieto que consigo me ouvir. Silêncio é assim mesmo, a gente se ouve. Mas silêncio assim é algazarra, daquelas cheias de vozes altas, como festa de gente jovem – por sinal gente jovem é besta, acha que o barulho de fora silencia o de dentro - tudo é tão alto que só ouve ao pé do ouvido, sussurro. Por sinal sussurros assim, ao pé do ouvido, são tão baixos em volume que ficam altos em clareza. Tão claro que ofusca, hipnotiza, fascina, paralisa, tão paralisante que a gente viaja, como quem fixa o olhar sem olhar. E esse tipo de olhar faz a gente viajar para longe, tão longe que o destino somos nós mesmos.  Nessa hora alma sussurra, nessa hora a gente se conhece, e por se conhecer descansa, relaxa, como amigos em companhia, e assim o silêncio vira gosto, o silêncio vira necessidade, o silêncio vira... Silas Lima

Esperança

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Esperança é desejo, desejo bom e por ser bom, é divino. Quem tem esperança espera algo bom, não por expectativa, mas por querer, por desejo, assim, esperança é desejo divino. Para Lacan “somos seres desejantes” e o que é, só deixar de ser, quando nada mais é, logo, só deixamos de ser com a morte. Por isso, faz sentido dizer: “a esperança é a última que morre”, pois só a morte é capaz de nos impedir de desejar, só a morte é capaz de nos impedir de querer, só a morte é capaz de nos impedir de esperançar. A vida é a casa do desejo, morada de esperança. É impossível viver sem desejar, tanto quanto é impossível desejar sem viver. Muitos dizem “enquanto há vida, há esperança”. Digo, “enquanto há esperança, há vida”, sendo assim, mesmo que eu morra, há de haver vida. Pois enquanto houver desejo, força, luta, risos e danças, crianças e cirandas, lembranças... haverá vida. Nesse sentido esperança é ressureição, é a vida dizendo que a morte não é o ponto final, mas apenas uma virgula

O amigo

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O amor do amigo é o mais estranho dos amores, entre os amores, é certamente o mais desinteressado, obviamente o mais desapegado, claramente o mais resiliente e subjetivamente o mais belo. Seu desinteresse mora na espontaneidade, não é premeditado, nasce do corriqueiro, do trivial, da vulgaridade das relações, dá-se na mais pura expressão da vontade. Sua fecundação é livre, não programada, gratuita, por ser grátis é graciosa. A estrada do amigo é desnecessária, não obrigatória, cheia de saídas, mas tão deliciosa de andar que sem querer nos mantemos nela, como o doce que não conseguimos parar de comer, a dança que nos envolve, a música que nos faz viajar, a leitura que nos faz mergulhar. Com o amigo, sem perceber nos percebemos, ali, aqui, acolá, sorrindo e sorrindo, do que não tem sentido, do que não é polido, do que não é correto, mas nos dá motivos, pois a relação é sempre gentil e sem pecado. O amigo abre o cofre sem acionar os nossos alarmes e como o melhor dos ladrões, rouba sorrat

Pandemia, Esporte, Sentido

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Sei que vai parecer estranho em tempos de confinamentos e quarentenas, tempos onde as pessoas estão aprendendo a lidar com a sua solidão, com o seu tédio, com a falta do afeto, das festas, das ruas, dos abraços, eu vir me inspirar a escrever por causa do esporte. Parece desconectado do tempo em que vivemos, ser inspirado pelo esporte. Em tempos que só se fala de Economia, Política e Saúde, parece o Esporte algo de menor valor, e de fato o é quando comparado a vida - mas da lista acima exceto a saúde não o é, pois presumo que para a maioria das pessoas a vida é o bem maior que temos. Já explico que essa inspiração surgiu da decisão histórica do adiamento dos jogos olímpicos de Tóquio, daí me parei a pensar o quanto, esse é um momento histórico, de alta grandeza para a História, tal como as grandes guerras e a peste bubônica. Minha geração – tenho 32 anos, e talvez a geração passada não tenha presenciado algo parecido, o mundo parado, os paradigmas políticos, econômicos, filosófico

Olhos

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Olhei e não vi, o céu cheio de estrelas, e mesmo estando olhos apontados para alto, eu não vi. Afinal o olhar dos olhos é diferente do olhar do coração, o olhar dos olhos nem sempre está na direção do olhar do coração. Por isso tem vezes que mesmo olhando, nada vejo. Olhos não enxergam tudo, nem tudo está no raio do que os olhos podem ver. Além do mais, olhos são limitados, só enxergam o que está fora, e mesmo assim não podem captar o todo que está fora, pois todo olhar é um recorte mínimo de toda a matéria, e assim como as mãos, os olhos também tocam, seus dedos são o próprio olhar e seu toque é objetivo e daí vem a sua maior limitação. Olhos nada podem ver do que está dentro, olhos não veem o imaterial e subjetivo. A capacidade de olhar para o que é interno está em outro órgão, só o coração consegue enxergar o impalpável, mesmo não tendo olhos, só o olhar do coração pode enxergar o que está dentro, somente esse olhar pode passear pelos porões interiores, e para esse não há li