Olhos



Olhei e não vi, o céu cheio de estrelas, e mesmo estando olhos apontados para alto, eu não vi.

Afinal o olhar dos olhos é diferente do olhar do coração, o olhar dos olhos nem sempre está na direção do olhar do coração. Por isso tem vezes que mesmo olhando, nada vejo. Olhos não enxergam tudo, nem tudo está no raio do que os olhos podem ver.

Além do mais, olhos são limitados, só enxergam o que está fora, e mesmo assim não podem captar o todo que está fora, pois todo olhar é um recorte mínimo de toda a matéria, e assim como as mãos, os olhos também tocam, seus dedos são o próprio olhar e seu toque é objetivo e daí vem a sua maior limitação. Olhos nada podem ver do que está dentro, olhos não veem o imaterial e subjetivo.

A capacidade de olhar para o que é interno está em outro órgão, só o coração consegue enxergar o impalpável, mesmo não tendo olhos, só o olhar do coração pode enxergar o que está dentro, somente esse olhar pode passear pelos porões interiores, e para esse não há limitações, pois o que não pode ser tocado não tem fim, quanto mais adentro mais se enxerga.

Nesse sentido o verdadeiro cego é o que só vê com os olhos, pois esse não se enxerga, e por não se enxergar não consegue enxergar o outro. Esse mesmo tendo visto e encontrado todas as cores do exterior, está perdido na mais profunda escuridão de seu interior.

Pois os olhos só podem olhar pedaços que sempre deixam vazios, só coração pode olhar os interiores que podem nos tornar íntegros, inteiros.

Olhos são janelas do quarto que não tem porta, enquanto o coração é a porta dos quartos sem janela


A vida é bela e a ideia é nobre
Silas Lima

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