O amor do amigo é o mais estranho dos amores, entre os amores, é certamente o mais desinteressado, obviamente o mais desapegado, claramente o mais resiliente e subjetivamente o mais belo. Seu desinteresse mora na espontaneidade, não é premeditado, nasce do corriqueiro, do trivial, da vulgaridade das relações, dá-se na mais pura expressão da vontade. Sua fecundação é livre, não programada, gratuita, por ser grátis é graciosa. A estrada do amigo é desnecessária, não obrigatória, cheia de saídas, mas tão deliciosa de andar que sem querer nos mantemos nela, como o doce que não conseguimos parar de comer, a dança que nos envolve, a música que nos faz viajar, a leitura que nos faz mergulhar. Com o amigo, sem perceber nos percebemos, ali, aqui, acolá, sorrindo e sorrindo, do que não tem sentido, do que não é polido, do que não é correto, mas nos dá motivos, pois a relação é sempre gentil e sem pecado. O amigo abre o cofre sem acionar os nossos alarmes e como o melhor dos ladrões, rouba sorrat...
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