N vidas


Além da obrigatoriedade de viver, também é certo que ninguém vive uma única só vez, digo isso não por um tipo de conceito espírita ou coisa parecida, pois não acredito em vida após a morte nos moldes espíritas, mas acredito que vivemos mais de uma vez, em vida.

Nossa vida se fragmenta a cada passo, a cada pessoa que encontramos, a cada ambiente que vivemos e cada fragmento gera uma vida, um homem casado, é um pai de família, assim como é um empregado de uma mega corporação, um aluno do curso de medicina de uma faculdade, um pastor é um guia de vidas, mas é um filho guiado por seu pai, um condômino desinteressado e um camisa 3 do time de futebol de domingo, onde o camisa 10 é membro de sua igreja.

Percebe? Na vida somos posicionados de várias maneiras, somos lideres, subordinados, parceiros, etc...

Contudo a fragmentação da vida não nos pode fragmentar, temos que lutar pela inteireza, um bom pai não é o que diz para o filho não fumar por que faz mal, mas fuma, um bom pastor não é o que diz “não roubem”, mas promete o céu à senhora que não tem o que comer em troca de uma oferta, a lógica do faça o que eu mando, mas não o que eu faço, é a lógica dos irresponsáveis, daqueles que não se fidelizaram com a vida, é a infâmia dos letrados, é o pretexto dos acomodados, que programaram a vida dentro da programação do canal que mais lhe entretém.

Sei que a inteireza é um horizonte distante, mas vive em mim a história dos que lutam e lutaram por ela, vive o pai que deixou um belo legado dentro de seus filhos, a esposa que leva a beleza do seu amado, os que a 20 anos saíram às ruas com suas caras pintadas preocupados com a política da nação, os que hoje se mobilizam por um mundo sustentável pensando na vida que a de se gerar, os que separam seu lixo, os que não pegam um real que não é seu, os que preferem perder para não se corromper.

Nosso rumo não pode ser medido pelos resultados que ele apresenta, mas sim pelo tipo vida que ele gera.

A vida é bela e a idéia é nobre

Silas Lima

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

O circo da superfície

A força que não percebemos.

O Deus do Homem contemporâneo