Ouvi de alguém
Já ouvi de alguém que os grandes momentos dizem o que
queremos ser, mas que são os pequenos que dizem o que somos, são nos instantes onde
não há muitos por perto, nos instantes que passamos sozinhos, nos instantes que
passamos com o amado ou amada, nos momentos despretensiosos, onde não há nada a
ser provado, onde ninguém irá nos julgar, nos rotular, ou nos perceber, são
nesses instantes que descobrimos quem de fato somos, são nesses momentos que somos.
Já ouvi de alguém que os grandes momentos nos dizem de quem
devemos nos afastar, mas são os pequenos que nos revelam as pessoas que
queremos perto para sempre, são nos instantes onde não há muitos por perto, nos
momentos despretensiosos, onde não há nada a ser provado, onde ninguém não há
ninguém para julgar, ou rotular, são nesses instantes que descobrimos quem de
fato queremos ao nosso lado, são nesses momentos que descobrimos o que o outro
é.
Já ouvi de alguém que os grandes momentos dizem para onde
vamos, mas que são os pequenos que dizem onde estamos, é a quantidade de
instantes onde não há muitos por perto, é a quantidade de instantes que passamos
sozinhos, é a quantidade de instantes que passamos com o amado ou amada, é a
quantidade de momentos despretensiosos, onde não há nada a ser provado, onde ninguém
nos julga, nos rotula, ou nos percebe, é a quantidade desses instantes que nos
dizem aonde de fato estamos.
Já ouvi de alguém que os grandes momentos guardam as maiores
mentiras, mas que são nos pequenos que mora a verdade, é ali nos beijos, aeroportos,
rezas de hospitais, a verdade está no singelo, no modesto, na cor do café, no
gosto do pão, no instante que não há mundo, só há o que percebemos, o que
sentimos, no sonho, no choro, no gozo, na morte, no amor, a verdade mora no
nada, na perda, no silencio.
Já ouvi de alguém que os grandes momentos são o palco do fictício,
mas que nos pequenos atuam os verdadeiros, neles há verdade não dita, há
verdade vivida, sentida, presenciada, percebida, seja no olhar, no abraço, na
lagrima que só cai de um olho, no riso bobo, no sussurro gratuito. Verdade há
em quem permanece para além da superfície, naquele que nos descobriu e não
partiu, verdade há em que nos enxerga sem roupa, sem som, sem óculos, sem ninguém,
sem nada, naquele que nos viu desnudo e não nos cobriu.
Pois já ouvi de alguém que a vida de verdade é feita de pequenos
momentos, logo quem se atenta a esses instantes descobre o que é, o que quer, aonde
está, quem quer, quem ama, quem vive ... descobre a vida de verdade.
A vida é bela e a ideia é nobre
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