Itacaré (BR 101) #06/20
Estou me sentindo um aventureiro, uma espécie de Indiana Jones da Mooca, hoje certamente foi o dia
mais maluco da minha vida, um dia cheio de histórias boas para contar, por
sinal vou registrar que esse texto é para minha velhice, pois aconteceram
tantas coisas inusitadas que preciso marcar, um dia vou contar para os meus netos.
Logo cedo, antes de me despedir de Vila Velha fui na fábrica
da Garoto e me senti como se estivesse em Nova York comprando MM´s na loja da
MM´s, me transformei num garotinho (desculpem o trocadalho do carilho), dali
parti rumo a Bahia, andei por cerca de 4 horas sem grandes surpresas, estrada
relativamente boa, ouvindo um bom som e curtindo a paisagem.
Por volta do meio dia parei numa churrascaria de beira de
estrada em Conceição da Barra – ES para almoçar, ali comi o melhor churrasco
da minha vida, me empanturrei literalmente, antes de sair da cidade parei no
posto de gasolina para abastecer o carro, pois ainda tinha 6:30hrs de viagem,
fui cantando escancaradamente pela frentista do posto, fiquei sem jeito com a “ousadura”
da moça e logo fui me embora de volta ao meu caminho, parei na divisa entre o
ES/BA para bater uma foto, depois de uns 100 km parei novamente para bater
outra foto dessa vez da paisagem que me encantou, pedras, falésias, lagos e muito mato.
Depois de mais uns 50 Km já eram umas 16hrs, me deparei com
um transito caótico ao ponto das pessoas descerem do carro, estava tudo parado,
me juntei a uma roda de motoristas para descobrir o que estava acontecendo, uma carreta com produto químico havia tombado na estrada e ninguém podia
passar antes que produto fosse retirado, as informações eram que a equipe que
retiraria o produto só chegaria por volta das 02hrs da manhã, minha estimativa de
chegada em Itacaré passou das 20:30hrs para às 07hrs da manhã seguinte, dormiria
na estrada.
Nesse meio tempo fiz amizade com um bom baiano chamado Ador, que estava a
caminho de Alagoinhas e não podia esperar, então estava um pouco ansioso e eu
percebendo sua ansiedade tentava acalma-lo, até que passou um rapaz dizendo que
sabia de um desvio pelas estradas de terra a cerca, Ador pensou em ir, mas
ficou receoso de ir sozinho, eu como não tinha nada a perder disse que o
acompanharia, caso desse algum problema um ajudaria o outro.
Seguimos o caminho proposto pelo motorista desconhecido e
nos deparamos com uma ladeira onde nenhum carro estava conseguindo subir, todos
tentavam, mas os carros derrapavam e eram obrigados a descer, até que um senhor
simples morador do local deu uma boa dica de como subir a ladeira, dito e feito seguimos a dica do senhor e conseguimos subir, assim voltamos para BR 101, Ador seguiu seu caminho e eu o meu, pronto agora minha
estimativa de chegada em Itacaré mudou para as 23hrs, bem melhor que as 06hrs da
manhã.
Segui o caminho já sem a luz do sol e tudo ficou bem difícil, a
BR 101 é mal sinalizada, sem iluminação e refletores de chão, minha atenção teve de
ser redobrada, estava com medo, até que me deparei com um rapaz pedindo carona
no meio da escuridão, e com muita coragem decidir parar, seu nome era Ítalo e
estava indo para Salvador visitar a família, mas como não tinha dinheiro para
tal, estava vindo desde o Rio de Janeiro pedindo carona, eu então resolvi
ajuda-lo com uma carona até Ilhéus, no caminho enquanto conversávamos nos
deparamos com um animal felino na estrada, Ítalo disse que era um Cachorro do
Mato, mas eu tenho certeza que era uma onça “braba”, quase atropelei o bicho,
mas consegui desviar.
Chegando em Ilhéus me despedi de Ítalo e aproveitei para tomar um café num bar, beira estrada, e ali conheci Binho, um garçom do Interior da Bahia, que estava em Ilhéus para ganhar um “dinheirinho” e ajudar a família, trocamos um bom papo e ele não quis cobrar o café, disse que fui atencioso e o café era só um real, ficava como cortesia da casa, não recusei a cortesia e segui em frente.
Chegando em Ilhéus me despedi de Ítalo e aproveitei para tomar um café num bar, beira estrada, e ali conheci Binho, um garçom do Interior da Bahia, que estava em Ilhéus para ganhar um “dinheirinho” e ajudar a família, trocamos um bom papo e ele não quis cobrar o café, disse que fui atencioso e o café era só um real, ficava como cortesia da casa, não recusei a cortesia e segui em frente.
Cheguei em Itacaré por volta das 00hrs, a pousada aonde eu
me hospedaria estava fechada, então não tinha aonde dormir, peguei meu violão e
fui para a praia, lá me encontrei com um pessoal hippie que certamente não se
lembrará de mim, mas ficamos tocando violão até umas 04hrs, depois disso
dormi um pouco no meu carro. Agora consegui entrar no quarto para contar essa
grande aventura.
Admito que nem tudo que escrevi é verdade, mas também nem
tudo é mentira, mas como esse é um registro para minha velhice, é desse modo
que meus netos me ouvirão contar.
Só quem vai pode voltar...
A vida é bela e a ideia é nobre
Silas Lima
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