Itacaré (Samba) #07/20
Hoje passei em frente a um botequim aqui em Itacaré, e lá
tinha uma banda fazendo um bom samba ao vivo, vi alguns gringos na frente do
bar, que estavam bem tímidos, mais a medida que o samba rolou, eles foram se
soltando e de repente estavam todos, com aquele bom e velho quadril estrangeiro
(duro), dançando e se divertindo envolvidos pelo ritmo brasileiro, eles nem
sabiam dançar, mas estavam realmente felizes, isso me encantou.
Tudo bem, não sou um amante do Samba, eu gosto de rock,
admiro Adoniran Barbosa, mas ouço Bono Vox, acho o Martinho da Villa legal, mas
no meu carro toca Bruce Springsteen, Fundo de Quintal tem o meu respeito, mas
prefiro o Coldplay.
Contudo quando se trata de retratar o Brasil, dou a mão à
palmatória, não há ritmo melhor que o Samba, me perdoe os forrozeiros, mas no Samba
está a raiz do Brasileiro, o Samba diz o Brasil.
Sabe esse povo sofrido, que se parar para pensar tem muitos motivos
para chorar, lamentar, protestar, mas ainda assim encontra tempo e forças para
sorrir, para dançar, é esse o povo do Samba, é esse o povo do Brasil.
Na maioria dos brasileiros corre o sangue escravo, e deles
veio essa força, deles veio essa gana, deles veio essa alegria que desentorta o
mal, que reinventa a vida, que faz do quadrado uma bela esfera, pois o riso é uma
força vital que dá sentido à vida, o esforço de sorrir engradece a vida, como
diz o Maglore, quem encontra forças para se alegrar, guia seu coração de forma
branda e consegue seguir em frente.
Tal como os escravos africanos/brasileiros e seus batuques
que deram origem ao samba, nos reinventamos todo dia em busca de um sentido, e
toda vez que nos alegramos genuinamente, dizemos que sim, há sentido na vida,
talvez ele seja simples, tal como um sorriso é, mas se lhe der coragem e forças
de se levantar no dia seguinte, está valendo, pois deu samba.
Só quem vai pode voltar...
A vida é bela e a ideia é nobre
Silas Lima
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