Rio de Janeiro (Copacabana) - #01/20

Comecei minha saga pelo Brasil, confesso estava e estou com medo de fazer isso sozinho, é estranho para mim, não sei lidar com a solidão, mas a primeira experiência foi boa, vamos a ela.

Minha primeira parada é o Rio de Janeiro, acho que você já deve ter ouvido falar nele antes, é aquele que continua lindo, o da garota de Ipanema, o que tem Jesus grandão de braços abertos, ele vira e mexe aparece por ai em fotos e vídeos, você com certeza já ouviu ou viu alguma imagem desse lugar.

Como todo bom paulistano vim ao Rio de Janeiro cheio de recomendações, precauções e preocupações, afinal de contas ele possui alguns problemas com a questão da segurança pública, estava tenso, pois já passei por uma experiência bem difícil aqui no Rio. Ao entrar na linha vermelha, não posso negar que temi a caricatura popular da bala perdida, quase dirigi deitado, vai que essa bala perdida me encontrasse (apenas uma brincadeira), contudo ao me encaminhar para a Zona do Sul do Rio - local ao qual eu nunca havia visitado, comecei a me deparar com um outro Rio de Janeiro, e quanto mais me aproximava do meu destino – Copacabana no caso, mais eu sentia uma segurança e confiança no ambiente que até me assustou, que lugar bonito, que lugar tranquilo, me senti numa novela da globo, Botafogo, Humaitá, Leme até chegar em Copacabana...

Copacabana, que lugar é esse, quanta beleza, para um paulistano da gema esse é o céu, me deparei com todos os clássicos exemplos de beleza desse lugar, a bela praia, o famoso calçadão e seu ladrilho preto e branco formando curvas no chão, o Copacabana Palace luxuoso, “serião” que lugar, pessoas nas ruas, muito calor, gente de todo o mundo em movimento, é futevôlei na areia da praia, é gente andando de bicicleta na Atlântica, bares e restaurantes com música e gente dançando, é gente andando ou correndo pelo calçadão. Como é ativo e cosmopolita esse lugar, tão belo, tão lindo, como uma maquiagem que deixa linda uma face, quase não consegui fugir da caricatura do malandro vestido de terno dançando samba com um pandeiro na mão, me senti no gibi do Zé Carioca.

Contudo como toda maquiagem, basta se aproximar e esperar para que as imperfeições apareçam. 

Como estou sozinho nessa viagem fui a rua, e sempre que pude puxei papo com alguém, tive sorte, todos com quem eu conversei hoje eram cariocas, e eles são incríveis, a começar por esse sotaque que é irritante em São Paulo, mas tão incrível aqui, nem me importei com o som da letra S deles ser emitido como X, eles não falam Vasco, eles falam Vaxco rsrsrs.

Conversei com um garçom chamado Julio, moço simpático, me deu altas dicas sobre as lindezas desse lugar, tantas que eu não terei tempo de cumprir, mas ao saber que eu era de São Paulo logo se mostrou preocupado e deu uma recomendação, “olha evita andar fora da orla viu, tem muito assalto e outra coisa, não saia com muita coisa para a rua, somente o necessário e nada de luxo, esse é meu conselho”, após o almoço segui o conselho dele e fui até o Leme a pé pela orla, apaixonado por futebol parei para ver um jogo de futebol de areia, um campeonato de bairros da cidade, tão logo parou ao meu lado um rapaz perguntado o placar do jogo, seu nome era Mateus, treinador de goleiro das categorias de base do Fluminense, solicito e atencioso, falava com um orgulho mágico sobre como o Rio é lindo, entretanto mudou o semblante ao saber que eu sou paulistano e que nunca tinha vindo a Copacabana, logo veio com outra recomendação de segurança, “olha Silaxxx evite a praia de Copacabana, lá vira e mexe tem arrastõexxxx, se for ficar nela, só vá de roupa de banho”. Ali se mostrou o complemento desse lugar, ele de fato é lindo, tão lindo, que dá para acreditar mesmo que Deus é Brasileiro, entretanto ele é ao mesmo tempo temerário, perigoso.

Esse mix de beleza e temor me mostrou que nesse lugar tudo está permeado pelo medo, há o medo que está relacionado a segurança e o medo de não perder a sua beleza, e medo me dá medo, pois do medo nasce o mal, mas também me dá esperança, pois só quem tem medo pode ser corajoso.

Só quem vai pode voltar...


A vida é bela e a ideia é nobre.

Silas Lima

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