Rio de Janeiro (Maracanã) #03/20


Sempre me incomodei com o fato de haver poucas expressões artísticas a respeito do futebol, existem poucas músicas, poucos textos, poucas pinturas, poucos poemas, poucos livros, poucos filmes, eu não posso negar que existem sim expressões relevantes, mas é pouco para o tanto que o futebol é gigante em nossa cultura.

Por isso humildemente vou me propor a escrever sobre o futebol, afinal de contas hoje fui ao Maracanã e foi incrível.

Antes de tudo quero confessar que fui proposto a torcer contra o Fluminense, aquela queda de 2013 salva no tapetão não me desce, o Fluminense precisa pagar a série B, tanto quanto o seu Madruga precisa pagar o aluguel. Cheguei ao “Maraca” camuflado, pois eu estava no setor da torcida do Flu e não podia dar nenhum sinal de que estava torcendo contra, já estava preparado para fingir sentimentos e pensando em como comemorar um gol da Ponte Preta sem ser notado, cheguei uma hora antes do início da partida e me sentei num local aparentemente isolado, aonde não seria “percebido”.

Contudo a medida que o estádio enchia, fui cercado por torcedores do Flu e como em todo o estádio de futebol do mundo, fui envolvido nos assuntos a respeito do tricolor carioca. O jogo começou e o seu Marcio que estava sentado ao meu lado com seu filho Gustavo começou a me tratar como seu eu fosse intimo dele, a cada lance frustrante ele “cornetava” para mim: “me diz como pode o Scarpa errar um passe desse”; “oh meu filho, porque o Henrique Dourado está saindo da área"; “me explica garoto, porque o Marcos Junior não divide uma bola”. Ele me tratou como um da casa e eu não consegui contraria-lo, sem perceber lá estava eu, apreensivo em cada lance que o Fluminense errava e sem perceber já estava revoltado com o Juiz por não ter dado pênalti para o “meu Fluzão”, e foi assim, torci para o tricolor carioca, esqueci de minhas ressalvas e vibrei como um carioca os dois gols do Fluminense, até abracei o seu Marcio, o Gustavo e um punhado de outros tricolores, afinal de contas quando sai gol todo mundo é amigo, todo mundo se ama, todo mundo se abraça.

O futebol é certamente como diz o Milton Neves: “a coisa mais importante entre aquelas que são menos importante”, a paixão que move um torcedor para o seu time é inexplicável e chega a ser irracional, mas paixão não se explica, paixão se sente, é um sentimento que nos toma o controle, que nos conecta ao que há de mais verdadeiro em nós. É claro que devemos ser guiados pela razão, mas triste é o ser humano que não possui uma paixão.

Obrigado Rio, você é uma cidade maravilhosa, te curti demais, você quase me convenceu que bolacha é biscoito.

Só vai quem volta...


A vida é bela e a ideia é nobre

Silas Lima

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

O circo da superfície

A força que não percebemos.

O Deus do Homem contemporâneo