Rio de Janeiro (Parada Gay) #02/20
Estava planejado, hoje eu escreveria sobre o Cristo
Redentor, carta marcada “pô”, patrimônio da humanidade, uma das 7 maravilhas do
mundo moderno, cartão do postal do Brasil, com apelo religioso e tudo mais,
seria fácil, bastaria falar da sensação mística que se dá ao se deparar com
aquele Jesus grandão de braços abertos, como se estivesse abençoando o mundo,
eu paulista da “gema” só tinha como referência de estátua o Borba Gato, foi obvio
meuencantamento. Entretanto hoje aqui no Rio foi o dia da 22ª Parada do
orgulho LGBTI, e esse ano foi feita sem auxilio algum da prefeitura da cidade.
O prefeito da cidade é o Marcelo Crivella, acho que você já entendeu o porquê
de não haver apoio.
Mas em certa medida essa falta de
apoio político, deixou a marcha mais politizada, o orgulho de ser o que se é
mais forte, o termo “marcha da resistência” foi utilizado o tempo todo durante
a caminhada, como um mantra para pessoas que em pleno século XXI, sofrem com represarias
preconceituosas que tentam inviabilizar as suas possibilidades e sonhos.
Quem me conhece sabe o quanto sou
fã de Engenheiros do Hawaii, em especial gosto de uma música chamada “Somos
quem podemos ser”, por mais que eu ame essa música, custei a encontrar um
significado para a frase título da música, na minha cabeça a frase perfeita
tinha que ser “somos quem queremos ser”, afinal no mundo perfeito nada pode me
limitar de ser o que eu quiser.
Contudo um dia entendi a frase de
Humberto Gessinger, pois existe sim uma limitação ao que queremos ser... essa
limitação é o nosso conhecimento, sim o nosso conhecimento é um limitador, ninguém
pode ser aquilo que não conhece, só podemos ser aquilo que conhecemos, aquilo
que um dia nos foi apresentado, nos foi dado, é como diz a música “um dia me disseram
que as nuvens não eram de algodão, sem querer eles me deram as chaves que abrem
essa prisão”.
Por essa razão quando alguém nos
apresenta algo novo, esse alguém está nos dando a liberdade, esse alguém está
nos dando uma nova possibilidade, está nos dizendo que podemos ser mais do que
o que está posto, está nos dizendo que podemos ser.
Marchar na rua em nome do que se
é, é então mostrar as pessoas que elas podem se conhecer, se descobrir, e conhecendo
a si mesmo, poderão ter sonhos e possibilidades, poderão ser o que podem ser.
Hoje deixei de escrever sobre o
Cristo do alto da montanha porque encontrei Cristo em outro lugar, sei pode ser
um escândalo, mas Cristo Libertador que mostrou ao mundo que as pessoas podem
amar, foi o maior escândalo da história, o amor é naturalmente escandaloso.
Só quem vai pode voltar...
A vida é bela e a ideia é nobre.
Silas Lima
Comentários