Sentido

Porque vivemos, porque estamos aqui, qual é o sentido da vida? Sei que a questão é antiga e complexa, e lhe digo com certeza, eu não tenho a resposta, mas isso não pode me impedir de pensar a respeito, afim de encontrar algo que de algum modo torne mais sã a minha espiritualidade por conseguinte a vida.

Por fugir dessa questão, inventamos um mundo que não faz sentido, mas que preenche o nosso tempo ao ponto de não termos de lidar com as dores que existem no porão da nossa alma.

Compramos, viajamos, nos vestimos bem, postamos fotos, trabalhamos, procuramos um emprego melhor, queremos beijos, saímos a noite, estudamos, compramos mais um pouco, lemos um livro, vamos ao cinema, ai postamos o filme que assistimos, ai sonhamos em ir para Disney, nos sentimos obrigados a aprender uma língua, ai fazemos um intercambio, para conseguir um emprego melhor, para ganhar mais dinheiro e assim poder comprar mais coisas, e podermos viajar mais, nos vestir melhor, para postarmos fotos melhores, por vezes queremos comer num bom restaurante, ou mesmo apenas comer, afinal um bom churrasco, um bom vinho, um bom filme, um bom sapato, uma boa cerveja, um bom trabalho, uma especialização, um bom carro. Se não temos isso, passamos a vida procurando por tudo isso, por vezes cientes de que muitas dessas coisas nos serão inalcançáveis, nos conformamos e assim preenchemos nosso tempo “maratonando” em séries do momento, indo aos domingos para a igreja e depois almoçando na casa dos nossos pais, mas não ficamos lá até muito tarde, pois na segunda a gente volta a labuta, afinal temos que tirar o nosso ganha pão.

Mas certamente você já se angustiou com o sentido de tudo isso, já se perguntou sobre a razão dos seus dias.

Afinal será que existimos para trabalhar, comer, dormir e depois morrer?
Nossa ânsia em fugir do tédio nos afastou de nós mesmos, pois se perguntar sobre as razões do nosso ser é fincar uma agulha numa ferida aberta, é abrir a porta do porão e mergulhar nas dores que queríamos esconder no quarto mais escuro do nosso interior. Eu sei, dói não ter sentido, dói perceber que o que fazemos não tem razão, dói saber que morreremos e seremos lembrados por poucos e por pouco tempo, que certamente passaremos em branco na história da humanidade.

Entretanto não se encontra respostas sobre o nosso interior sem olhar de fato para ele, se permitir olhar para os porquês da vida é o melhor caminho para encontrar um sentido que nos cure, que nos torne espiritualmente (uso esse termo sem nenhuma conotação religiosa ou exotérica) são.

Talvez a vida não tenha sentido mesmo, talvez morramos e sejamos apagados do mundo como uma borracha apaga um erro de caligrafia, mas me perdoe insisto que podemos dar a nossa existência um sentido que seja libertador, altivo e que não se resuma a ter coisas, um sentido que nos permita viver em paz com o silencio e tédio que há em todos nós, sem a louca necessidade de preencher o nosso tempo para fugir de nós mesmos, uma razão que torne criativos no melhor sentido que essa palavra pode ter.

Assumo, não sei a receita perfeita, e talvez não a encontre em minha vida, mas sei que o principal ingrediente é o amor em seu modo imperativo.

Pois toda vez que me senti amado, fui curado, e toda vez que amei, eu curei.
O amor me permitiu encontrar um sentido para vida, me permitiu olhar para o meu porão sem medo, e me ensinou a silenciar, deu uma nova sede á minha alma, sede nobre e bonita, que me torna amor e sendo amor... eterno e sendo eterno... amar


A vida é bela e a ideia é nobre!

Silas Lima

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

O circo da superfície

A força que não percebemos.

O momento e o Porvir